O voto do desespero
O Brasil "bolçou" à direita, regurgitou uma ditadura militar que durou mais de 20 anos e elegeu um dos seus maiores simpatizantes. Alguém que se ausentou dos debates e não apresentou programa eleitoral. Apenas umas golfadas de intolerância, de preconceito, de um populista autoritário que quer voltar a trazer a pena de morte e a tortura, de alguém que ameaça fechar o Congresso mas só se lembra disso ao fim de 28 anos, depois de ter percorrido os seus corredores. O Messias evangélico chegou, não multiplica pães pela população mas quer distribuir armas, combatendo a violência com violência, uma pessoa que ameaça fuzilar os adversários políticos, que despreza as minorias e protege as maiorias. Convém reflectir como foi possível a quarta maior democracia do mundo chegar a este ponto, com tão fracos candidatos políticos, como permite ditadores de direita e odeia os de esquerda, como consegue suportar a dor de colocar sal numa ferida de ódio bem aberta? Talvez por desespero.