O último não herói americano

A vida humana é sagrada, seja alguém da direita ou da esquerda política, democrata, republicano, ou mesmo sendo um ultra conservador como Charlie Kirk, assassinado no dia 10, durante um evento na Universidade do Vale do Utah, mas numa cerimónia fúnebre absolutamente medonha, misturando evangelização religiosa com comício político e vingança, conseguiram branquear tal pessoa. Machista, alguém que fazia campanha contra a vacinação e disseminou informações falsas durante a pandemia de Covid-19, envolvido nas manifestações que culminaram na invasão ao Capitólio e que negou as alterações climáticas, uma personalidade que apelou à absolvição do agente que matou George Floyd e que promoveu a teoria de uma suposta fraude nas eleições presidenciais americanas de 2020 – foi transformado num mártir, elevado à condição de herói americano, meses antes de uma deputada estadual democrata e o seu marido terem sido assassinados noutro caso de violência política sem que tenha existido semelhante histeria colectiva.