Nem oito nem oitenta
Está provado que viver na cidade aumenta o risco de depressão e ansiedade. O ruído, o tráfego que aumenta os níveis de dióxido de carbono, o tempo despendido ao volante e a luta diária para encontrar um estacionamento pago a peso de ouro porque o planeamento urbanístico não acompanhou o planeamento dos transportes, podem tornar a vida na cidade num verdadeiro inferno. Juntem agora a actual febre do turismo que faz desregular o mercado imobiliário, aumentar rendas e provocar o despejo dos residentes dos centros históricos. O turismo é importante para a economia local e nacional, combate a desertificação urbana e recupera espaços abandonados, mas nem oito nem oitenta, ninguém questiona se é sustentável a cidade receber tanta gente, se não estamos a descaracterizar um local onde a alma da cidade são as pessoas que lá habitam, estudam ou trabalham.