Prioridades
Depois de inúmeros e fastidiosos directos televisivos da nossa selecção de futebol, do rico parque automóvel dos seus jogadores, do vergonhoso custo diário em terras polacas, dos seus inflamados egos e manias, decidi mudar de canal. Em boa hora o fiz, pois nauseado com tanta alienação encontrei alguém a quem chamar verdadeiramente de heróis: homens e mulheres que partem para fora do país sem pose de estado, à procura de trabalho, com o espectro da incerteza e a despedirem-se no aeroporto de familiares lavados em lágrimas. Lembrei-me das palavras ridículas do primeiro-ministro incentivando a emigração, que o desemprego era "uma boa oportunidade", e então pensei: quantos milhões poderiam ter sido canalizados para fomentar o emprego em vez de se terem construído estádios de futebol por ocasião do Euro 2004?!