E depois do adeus
Neste país subalugado à "troika" internacional, não me parece que o novo Governo tenha dedos para tocar a guitarra. Decantando-se o ódio visceral e os boatos pessoais contra José Sócrates, resta uma mão cheia de nada: a prometida revisão constitucional, a discussão gasta e inútil sobre o referendo do aborto, a emigração forçada, o corte no subsídio de desemprego e o constante matraquear sobre a flexibilização laboral, a degradação social e o previsível aumento do IVA. O país virou à direita mas acho que continuará um zero à esquerda, também muito pela acção suicida dos líderes do Bloco e do PCP, orgulhosamente sós e desfasados da realidade, e que pela primeira vez na vida podiam ter copiado a dignidade democrática e o adeus do ex-Primeiro-Ministro e demitirem-se.