Silêncio dos inocentes
Foi completamente surreal a videoconferência do filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria. Parecia o homem estátua, sem mais nada a acrescentar, sem tugir nem mugir, numa espécie de "Silêncio dos Inocentes". Quem quebrou o silêncio e declarou-se inocente de deitar abaixo um governo foi Lucília Gago, procuradora-geral da República. Não tem culpa de ter lançado a suspeição sobre António Costa naquele parágrafo no âmbito da Operação Influencer, sem que alguém tenha conseguido associar o antigo primeiro-ministro a qualquer prática criminosa. Não é responsável pelo Ministério Público se comportar quase como um órgão de soberania, da ministra da Justiça a ter aconselhado a limpar a imagem do Ministério Público, acusando-a de "falta de liderança e comunicação", é inculpável de “um poder sem controlo” por parte dos seus magistrados.