"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Eu sei que o Benfica não é o clube que tem mais grandes penalidades a favor desde Janeiro de 2020, talvez por isso seja habitual esperar até à última jornada para levantar o tão desejado troféu, mas por favor, dêem algum mérito à conquista do título de campeão da I Liga. Parece que, para alguns, não interessa que tenha tido mais vitórias na prova, mais pontos, um futebol atractivo, a defesa menos batida, o ataque mais concretizador, o Benfica "não foi a melhor equipa do campeonato" e devia ser decretado uma 3º volta ou uma finalíssima! O clubismo tem razões que a própria razão desconhece, mas o Benfica teve 38 razões para ser campeão.
O homem que nunca se engana e raramente tem dúvidas, pois até disse que podíamos confiar no BES, tornou a sair do sarcófago e conseguiu transformar-se no oráculo da direita portuguesa, fazendo a oposição que o actual líder do PSD não é capaz. Diz que António Costa "perdeu autoridade" e lembrei-me logo daqueles velhos tempos do "cavaquismo" onde havia uma mistura de autoridade com brutalidade policial, no famoso bloqueio da Ponte 25 de Abril, na carga policial contra os estudantes do ensino superior e até nos confrontos de polícias contra polícias, no célebre episódio dos "secos" e "molhados". "Desastrosa", foi também a crise das alegadas escutas em Belém, no verão de 2009, quando surgiu a encenação de que a sua Presidência da República estava a ser vigiada pelo Governo de José Sócrates. Quanto aos "rebates de consciência", espero que lhe cause remorsos a política de propinas, o princípio do utilizador-pagador, a criação dos recibos-verdes, os salários baixos, a precariedade, os tiques de autoritarismo da maioria laranja da altura, o retrocesso e as convulsões sociais que o político que mais tempo dirigiu o país depois de Salazar, gerou. Alguém que se definiu como “sem feitio nem apetência para a arte de sedução dos jornalistas" e especialista em fugir às perguntas dos mesmos com a boca cheia de bolo-rei, também teve governações políticas desoladoras.
Em Espanha, foram detidos quatro suspeitos de pendurarem um boneco com a cara e camisola do futebolista brasileiro Vinicius Júnior numa ponte, antes de um jogo com o Atlético de Madrid, sendo acusados de "crime de ódio" conotado com o racismo e xenofobia. Em Portugal, no ano de 2020, antes de um clássico entre o FC Porto e Benfica, dois bonecos insufláveis trajados com camisolas do Benfica e dos árbitros foram "enforcados" num viaduto da Alameda do Dragão, mas o caso acabou prescrito sem que nada tenha sido feito para punir os autores da mensagem de ódio, os mesmos que hoje batem no peito contra a discriminação racial no desporto.
A Direita portuguesa salivou com a hipótese de dissolução do Governo por parte do Presidente da República, depois de António Costa ter rejeitado demitir o ministro das infraestruturas, João Galamba. Bem podem os comentadores, analistas e adversários políticos voltar a colocar o champanhe no congelador, Marcelo Rebelo de Sousa deu a entender que não há alternativa para governar. Ultimamente, o PS pôs-se a jeito, mas entre dar uma nova prova de vida a este executivo ou regressar aos tempos sombrios de um clone de Passos Coelho e dos interesses que representa, eu prefiro a primeira opção.