O problema da habitação
As medidas semelhantes às de outros países europeus, tomadas pelo primeiro-ministro, para responder à crise da habitação em Portugal, fizeram "cair o Carmo e a Trindade". Suponho que para muitos "empresários hoteleiros" seja normal alugar colchões a imigrantes para dormir, arrendar um quarto ou uma casa sobrelotada, subalugar apartamentos com recurso a divisórias em pladur para lucrar mais, expulsar as pessoas dos centros históricos das grandes cidades ou o senhorio despejar inquilinos que não conseguem pagar rendas altíssimas, muitas vezes em espaços sem condições. É chocante ter a consciência de que há mais de 700 000 imóveis vazios e 100 000 casas de Alojamento Local sabendo que há tanta gente sem tecto, quando existem famílias com a "casa às costas" à mercê de um qualquer senhorio ganancioso resultante de um mercado de arrendamento permissivo. A habitação é um direito constitucional que não pode estar sujeito ao negócio da especulação imobiliária nem à privatização do espaço público.