"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
O jornal "Público" retirou da sua edição digital um artigo de opinião de um médico convidado com o título "Uma vacina longe de mais", que falava das dúvidas acerca da vacinação de crianças e jovens contra o Covid. Esta "despublicação" disfarçada de "erro de controlo editorial" foi justificada "pelo tom desprimoroso em relação a várias personalidades da nossa vida pública" e também por "negar o relativo consenso científico em torno das vacinas.” Sempre pensei que um artigo de opinião fosse parcial, abundante de juízos de valor, por vezes polémico e provocador para lançar o debate. Não me lembro de idêntica celeuma com outros cronistas que usaram do mesmo tom nesse jornal e bastava devolver o texto ao seu autor sem o publicar. Mesmo compreendendo os critérios editoriais, fica a sensação que o "Público" sonega e escolhe deliberadamente a informação, não deixando que o leitor analise e interprete os factos, fazendo lembrar aquela época da ditadura portuguesa em que era usado um lápis de cor azul nos cortes de qualquer texto para impedir as tentativas de subversão.
A medalha de ouro de Pedro Pichardo no triplo salto em Tóquio não significou apenas igualar os feitos de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nélson Évora no pódio olímpico. Foi um salto para a liberdade ao fugir de um regime político cubano cada vez mais caquéctico e que o renegou. Lembrou-me aquele salto do soldado da RDA que se evadiu para a Alemanha Ocidental na década de 60 por entre a cerca de arame farpado que dividia o país. Naturalizar-se não é apenas adquirir direitos de cidadão nacional, saber o hino ou balbuciar algumas palavras em português, é sentir o país, ligar-se à comunidade, agradecer o acolhimento e construir uma relação recíproca, uma história bonita que tem tudo para dar certo.
Aquele país escandinavo que vive na pré-história, onde os seus habitantes têm que montar os seus próprios móveis e passeiam nas ruas os "chaços" da marca Volvo, têm menos óbitos do que Portugal por Covid-19 bem como menos mortalidade colateral em excesso de outras causas naturais. A Suécia, com o número de população idêntica à do nosso país e cuja estratégia para combater esta pandemia não pode ser pronunciada, foi apelidada de "criminosos sem noção" quando as mortes dentro dos lares de idosos eram fogo em mato seco, aliás, o que acabou de acontecer por aqui. Dizem que não é sério comparar os dois países mas já é honesto comparar a Suécia com os seus vizinhos nórdicos apesar das diferenças da concentração demográfica nas grandes cidades. Deve ser difícil aceitar o facto da Suécia não ter feito confinamentos rigorosos, não ter restringido a liberdade e direitos fundamentais dos cidadãos mas ter optado por recomendações e responsabilidade pessoal, não ter criado tanta pobreza, tantos estragos económicos, tantos problemas mentais na sociedade, não ter exercido tanto desprezo pelos doentes não Covid que trará consequências a nível de morbilidade hipotecando o futuro de tanta gente e no fim ter resultados idênticos ou melhores do que os apologistas da "ditadura sanitária". Se o Fernando Pessa fosse vivo e escrevesse esta opinião acabaria assim: "E esta, hein?!"