"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Desde o início da pandemia que Portugal parece a Torre de Babel, com toda a gente a falar em línguas diferentes sobre o coronavírus chegando ao ponto de vermos médicos a abrirem processos contra outros médicos. As autoridades de saúde também entram na confusão, perdem a total credibilidade ao autorizar certos eventos em prejuízo de outros, sem esquecer que no passado as máscaras davam "falsa sensação de segurança" e até o presidente da república falava orgulhosamente no "milagre português"! Hoje, os cientistas e médicos que acham que o autoritarismo não é o caminho para combater uma pandemia e que dizem que as regras tornam-se pesadas demais para a gravidade da doença, são saneados do debate e das estratégias a adoptar, sendo substituídos no palco por agentes de saúde pública convertidos em bufos denunciantes, por jornalistas populistas que pregam sermões do "tenham noção", pelo irrevogável homem dos submarinos que agora também é epidemiologista e até por um treinador de futebol armado em virologista que dizia que as pessoas do Norte mostravam mais respeito pelas normas de segurança do que as outras regiões do país!
O governo esteve razoavelmente bem na primeira onda da pandemia mas agora está a cair no ridículo e a contradizer-se no sentido de obrigar os cidadãos a usarem máscara em todos os espaços públicos - quando essa peça no passado "dava falsa segurança" - medida que não trava o aumento de infectados na Europa, e principalmente com a exigência em forçar as pessoas com telemóvel a instalar a aplicação "Stay Away Covid". Em sete meses, não foram capazes de procurar uma alternativa sem ser o confinamento, o terror sanitário, o pânico e as limitações da liberdade. Precisamos de uma aplicação que faça desaparecer políticos com tiques ditatoriais e a ladainha dos "covideiros" que a comunicação social alberga, um programa mundial que reúna a comunidade científica para o contraditório, o debate, o confronto de saberes, com vista a acabar este pandemónio económico, social e afectivo que tem infernizado as nossas vidas.
Parece que Portugal quer organizar o Mundial de 2030 com a parceria da Espanha, tendo o secretário de Estado da Juventude e Desporto recebido esta candidatura com "alegria e entusiasmo". Acho incrível como esta gente não aprendeu nada, em 2004, com a delapidação dos cofres públicos e o consequente investimento desmedido de câmaras que gastaram o que não tinham na organização do Europeu de Futebol pagando ainda hoje esse abuso. Fico estupefacto por saber que os nossos estádios têm dos piores índices de utilização do mundo e custaram mais do que hospitais. Pasmei ao ver os custos de manutenção destes elefantes brancos que não se adaptam às necessidades das populações pois deixaram de ser rentáveis quando o "circo foi embora". Poupem esse dinheiro para o futuro impacto da pandemia, para a recuperação da economia, do tecido empresarial, para medidas sociais que obviamente vão ser necessárias para combater o desemprego, a pobreza e a desigualdade que se avizinham nos próximos anos.
O primeiro debate presidencial às eleições americanas entre Donald Trump e Joe Biden foi degradante. Era uma vez na América um presidente que espirrava e o mundo constipava-se, quando generosamente colocava o saber científico e médico ao serviço da humanidade para combater pandemias que ameaçavam a saúde pública. Era uma vez uma América que não desprezava os seus tradicionais aliados, preocupava-se com questões climáticas e promovia o diálogo entre os povos. Hoje, o Presidente dos Estados Unidos receita injecções de desinfectante para eliminar o coronavírus, ressuscita o racismo, o ódio, a intolerância, o egoísmo, sem sabermos como foi possível à nação mais poderosa e influente do mundo ter substituído o idealismo norte-americano pelo nacional radicalismo da direita e ter deixado o país à beira da implosão.