Todos ralham e ninguém tem razão
Sem se perceber muito bem o limite entre o direito constitucional à greve e o interesse nacional, o Governo decidiu enviar polícias e militares para conduzir camiões carregados de matérias perigosas. Parece que a ditadura do combustível venceu a democracia da Lei do Trabalho e entre ameaças de prisão aos grevistas esquece-se o essencial: aquele velho esquema que muitos patrões usam para fugir aos impostos que consiste em pagar ao trabalhador sob a forma de subsídios. No país do oportunismo onde todos ralham e ninguém tem razão, já existem ideias para atenuar os efeitos de futuras perturbações da vida económica e social. Os farmacêuticos serão substituídos ao balcão por talhantes, os engenheiros civis por trolhas, polícias por armeiros, médicos por enfermeiros, padeiros por banqueiros, coveiros por políticos e jornalistas por estagiários.