"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Enquanto a crise do Sporting é tratada como se fosse a coisa mais importante das nossas vidas, enquanto se mobiliza um país para a Rússia afim de ver o Mundial do pontapé na bola, o preço dos combustíveis sobe pela décima semana consecutiva e para máximos de quatro anos! Uns dizem que a culpa é do preço do barril de crude, das taxas, do IVA, outros dizem que o problema são as margens de comercialização e insinuam um possível cartel de concertação de preços. Mas o que não é imaginação é o sufocante ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos) que leva mais de metade da factura aos consumidores, ajudando a encher os cofres do Governo. As autoridades reguladoras estão instrumentalizadas pelo Estado, por isso é tempo de agir, de dizer basta, organizar um protesto semelhante ao "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas"!, em 2012, e fazendo o "Que se lixe a Geringonça! Queremos a nossa economia "!
A lapa é um molusco que adere de tal forma à rocha que nem a acção do mar a faz desgrudar. No futebol português, existe uma espécie parecida, um presidente de um clube que se fixa ao poder como de uma concha se tratasse. Não se alimenta de algas mas de polémicas e está rodeado de outros caramujos resistentes à ondulação. Os biólogos portugueses chegaram à conclusão que a adesão ao substrato rochoso destes invertebrados não é feito através de secreções químicas mas de remunerações bastante lucrativas, vulgo ordenado, que nem a desincrustação à força resolve!
Só alguém muito distraído pode ficar admirado com o hooliganismo em Alcochete. O perfume do futebol há muito que se tornou irrespirável, já nem é o resultado do colapso geral da autoridade e da ineficácia das diferentes instituições socializadoras, como a família e a escola, mas o cruzamento do fundamentalismo desportivo cultivado nos gabinetes de comunicação dos clubes de futebol com os comentários feitos em programas televisivos que instigam ódio. Depois, a falta de cultura desportiva neste país, ondes chefes de família transformam-se em vândalos de fim de semana e em arruaceiros virtuais, onde árbitros são ameaçados, profissionais chamam "boneco" a colegas de profissão, jornalistas que insistem em não despir a camisola, claques "legais" que são piores do que as "ilegais", caciques regionalistas que politizam o futebol e vencedores que achincalham o rival na hora das vitórias. Quando cresce o número de crimes em recintos desportivos, mesmo no desporto infantil onde se registam agressões entre pais, esperemos que a criação da Autoridade Nacional para a Violência do Desporto desligue o fogão que vai alimentando esta panela de pressão.
Veio a público a notícia de que o Millenium BCP e o Novo Banco terão perdoado quase 100 milhões de euros ao Sporting através dos "valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis" (VMOC). É de lamentar que bancos como o BCP, que receberam ajudas do Estado, e instituições como o Novo Banco, sustentado por capitais públicos, continuem a brincar às gestões ruinosas. É vergonhoso assistir à nacionalização e recapitalizações de bancos falidos debitando nas contas dos contribuintes portugueses, é assustador pensar que se algum cidadão falhar o pagamento da prestação da casa, esses mesmos bancos que libertam dívidas de clubes de futebol, accionam a hipoteca, executam e penhoram o imóvel, com prioridade face a todos os outros credores. É imoral continuar a assistir à diminuição do poder de compra dos trabalhadores bancários, a despedimentos colectivos, ao fecho de balcões, à degradação das condições de trabalho, enquanto basta dizer "perdoa-me" para de imediato se extinguir as dívidas de um clube de futebol pré-insolvente!
Depois de, em 2017, a ETA ter anunciado o seu desarmamento, o grupo independentista basco anuncia agora a sua dissolução. Pedem perdão a alguns familiares das vítimas e assumem o "sofrimento provocado como consequência da sua luta." Não sei que sabão usam naquela lavandaria, mas jamais qualquer detergente branqueará as nódoas de sangue que deixaram durante cinco décadas e fizeram mais de 850 mortos. Eles bem centrifugam, mas não dá para afastar das nossas memórias a violência das suas acções, os crimes que não foram resolvidos, os raptos e as extorsões em forma de imposto revolucionário. Se querem devolver a frescura e o brilho à sociedade basca, eliminar aquele vinco que teima em não sair, entreguem-se e denunciem outros "etarras" para que sejam trazidos à justiça.