"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Sonhei que o Governo tinha mandado às malvas os centralistas e regionalistas de ocasião, substituindo as candidaturas de Lisboa e do Porto à sede da Agência Europeia do Medicamento pelas cidades da Covillhã e Vila Real. Era hora de alavancar o interior, acabar com as assimetrias regionais, e a cidade serrana, com uma pujante universidade contendo o curso de Ciências Farmacêuticas, uma boa autoestrada e o aeródromo de Castelo Branco nas proximidades, podia ser uma boa solução. Surgia também Vila Real, com a não menos famosa Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, um aeródromo, boas acessibilidades onde se destaca o túnel do Marão, a maior infra-estrutura rodoviária do género na Península Ibérica. Depois acordei ao som da guerrilha de caciques políticos e seus peões que dividem o país em norte e sul e verifiquei que aquilo não tinha passado de um sonho de início de verão.
Na minha ingenuidade sempre pensei que o Benfica tivesse rivais, nunca inimigos, mas olhando para a última polémica do futebol português onde um clube coscuvilheiro acedeu ou mandou aceder indevidamente ao sistema informático dos lisboetas, fiquei sem dúvidas. O "chico esperto" desportivamente ressabiado que teve a brilhante ideia de guerrear contra um exército de seis milhões especula, difama e usa o mediatismo e a Santa Aliança para lançar suspeições e linchamentos públicos. Parafraseando Churchill, "entre a desonra e a guerra eles escolheram a desonra e terão a guerra". Já tinha sido assim no "Apito Dourado" onde a turma dos piratas informáticos perdeu seis pontos por corrupção tentada e não recorreu, preferindo a desonra, já é genético.
O Chico era jornalista mas nos últimos quatro anos até foi agricultor, dedicando-se a plantar melões para consumo próprio e dos amigos. De repente lá conseguiu realizar o seu maior sonho, ser director de comunicação do clube de futebol lá da terra. Quis logo ajustar contas com um glorioso rival e começou a cultivar ódio e ressentimento. Saudoso do tempo onde crescia fruta de qualidade e qualquer nabo medrava no terreno, hoje o Chico está falido e só tem uma pequena horta comunitária cheia de ervas daninhas, olhando com inveja para os campos alheios repletos de papoilas vermelhas. Culpando os árbitros, o Chico aliou-se a outro lavrador com esperança de ambos ganharem alguma coisa, mas apenas vai vencendo no ciclismo, na maledicência, na intimidação de sachola, na brejeirice e na pirataria informática.