"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Avance no Partido Socialista quem vier por bem, quem saiba capitalizar politicamente estes últimos anos de vergonhosa austeridade e quem está farto de uma oposição frouxa a um Governo que será o pior, o mais encostado à direita após o 25 de Abril. Avance um socialismo moderno que demonstre inequivocamente que a culpa da crise não é dos portugueses nem da sua "mania em viver acima das suas possibilidades." Avance António Costa ou alguém com coragem e descomprometimento com o poder, pois uma oposição insatisfeita, forte e consciente consolida qualquer democracia.
Portugal deve ser o único país em que o resultado das eleições europeias produz eternos vencedores em todos os partidos. Um Bloco de Esquerda desmantelado após Louçã, mas contente por voltar a reeleger apenas um eurodeputado. O mesmo brilhante número foi conseguido pelo Partido Popular, com a desculpa de que os dois terços dos abstencionistas que ficaram em casa eram simpatizantes da coligação. Quanto ao PSD, rejubila porque a derrota não foi tão grande com se previa e que as futuras legislativas é que contam, pois Seguro é um homem a prazo dentro do seu próprio partido. Por fim, o PS, o vencedor, curto, que só não esmagou porque Marinho Pinto desviou muito do eleitorado!
Podiam ter sido quatro títulos mas foram "apenas" três, ainda assim, e parafraseando um grande benfiquista, "é bem melhor do que falecer". O Benfica foi das equipas que mais jogos efectuou no velho continente, entre lesões, castigos, erros de arbitragem que o puseram a jogar com dez, e apesar da trágica morte de dois dos seus símbolos, sobreviveu e triunfou. Há clubes assim, gigantescos, maiores do que o próprio país e que não sentem a erosão dos tempos nem a maldizente inveja pois têm os melhores adeptos do mundo. O tripleto: da união, da reciclagem de um treinador e da obstinação de um presidente.
Os caçadores de fantasmas e almas penadas expurgaram a Luz, afinal era apenas um espírito benigno que assombrava o Benfica. O campeão voltou, anunciando com estrondo as suas conquistas: campeonato, Taça da Liga e tudo o que o futuro quiser. Bastaram onze Eusébios, unidos, para resgatar os títulos perdidos, para a mística sobrepor-se a todos os fenómenos paranormais do futebol português e calar os videntes da desgraça.
Foi uma entrada suja pois recordo-me do momento em que a direita, com sede de poder, e parte da esquerda, traiçoeira, não aprovaram o PEC IV, o que nos conduziu à ajuda externa. De modo que esta "saída limpa" da troika é irónica para os portugueses que ficaram com os bolsos vazios e bem aspirados, com os seus recibos de vencimento e pensões bem asseadas. Três anos limpíssimos, da brancura do desemprego e da emigração forçada até ao aumento da dívida pública. Nesta candura, nem falta o esmero do presidente da república em purificar o governo, também ele contribuindo para o desmantelamento da economia e do estado social.