"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
As autárquicas foram vividas com chuva mas revelaram-se violentas tempestades: varreram o "jardinismo", na Madeira, o "Mesquitismo", em Braga, e arrancaram pés de alguns resistentes nabos, em Gondomar. Em Gaia, os candidatos político futeboleiros foram castigados por serem saltimbancos vazios de ideias e sofrerem de clubite aguda. No Porto, o candidato messiânico que veio do outro lado do rio pagou caro as constantes afrontas e o despeito para com Rui Rio, mesmo levado ao colo pelos "notáveis" da treta desta cidade e de um jornal que se diz de referência mas que andou de espinha curvada em campanhas diárias. O temporal ainda destapou a máscara de Paulo Portas - exultante nas vitórias, ausente nas pesadas derrotas da coligação governamental -, e desenterrou a estupidez masoquista daqueles que foram à porta da prisão da Carregueira ovacionar um autarca que cometeu crimes fiscais. O tumulto, não existe BE para além de Louçã, nem é perdoável a figura que o Bloco fez ao rejeitar o PEC IV.
Depois de terem sido noticiados casos de relações perigosas entre médicos e a indústria farmacêutica, depois de alguns laboratórios terem decidido acabar com os programas especiais de ajuda ao pagamento de medicamentos dos utentes nas farmácias, é com surpresa que vejo o Estado a dar mais uma machadada na credibilidade e moralidade do sector ao pagar um bónus às farmácias que venderem mais genéricos. Ao caos instalado, junta-se a guerra feroz entre médicos e farmacêuticos, simplesmente porque este negócio já foi chão que deu uvas, pois deixou de ser lucrativo para ambas as partes.
E ao fim da quinta jornada, Jesus ressuscitou para defender os injustiçados e os seguidores da sua religião, mesmo aqueles que o crucificaram no passado. O uso da força física para libertar alguém que considera o encarnado como manto sagrado fez-me lembrar o episódio dos vendilhões do templo. Agora, como antigamente, os escribas e fariseus hipócritas vão julgá-lo por exacerbar a sua fé somente porque Jesus não é "o especial", porque nasceu na Amadora e não em Setúbal.
Logo após o Tribunal Constitucional ter deliberado que os autarcas que atinjam três ou mais mandatos podem candidatar-se a outra Câmara, Fernando Seara atirou-se ao PS, contra a sua estratégia e "gente que não olha a meios para atingir os fins". Quando todos sabemos que foi um movimento apartidário a apresentar providências cautelares por infracção à lei de limitação de mandatos, somos obrigados a digerir com náusea o tradicional cozido político à portuguesa que tem sido servido às mesas das urnas pelos dinossauros autárquicos. É uma pena que, na sua cegueira ideológica, certos governantes só pensem perpetuar-se no poder esquecendo que existem movimentos cívicos independentes e cidadãos insatisfeitos organizados para serem alternativa a estes finórios.
Depois de nos ter mandado emigrar, de dizer que o "desemprego é uma boa oportunidade para mudar de vida", de acusar-nos de sermos mansos e piegas, o Primeiro-Ministro aconselha bom senso ao Tribunal Constitucional desprezando a própria Constituição, pois esta "nunca fez nada pelos 900 mil desempregados". Concordo, o TC deveria colocar esses 900 mil desempregados nos meios partidários para se providenciar uma profissão. A Constituição obrigaria a que todo o desempregado tivesse um padrinho político, que prosperasse na vida debaixo da saia do partido ou na empresa do seu correligionário, que tivesse uma oportunidade de ser um futuro político profissional da treta e ter o seu momento de glória ao discursar numa aula da Universidade de Verão.