"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
A propósito da quebra de relação entre o SL Benfica e o falcoeiro João Barnabé, que impossibilita que a águia Vitória volte a rasgar os céus do Estádio da Luz, quero lembrar o papel original do alentejano José Paixão na história dos símbolos vivos do clube. As suas aves, Sara e a Glória, podem não ter o prestígio e a realeza da Vitória mas contribuíram decididamente para a mística encarnada nos tempos em que, ser solidário e amar o clube, estava acima de qualquer interesse económico. É certo que a vida mudou, ninguém trabalha de graça, por isso mesmo, espectáculos degradantes que envolveram o tratador espanhol e os seguranças do SL Benfica deveriam ter sido acautelados afim de evitar a tentação de alguma comunicação social, sempre pronta a empolar situações e a dar tempo de antena a condenados por corrupção desportiva.
Aconteceu que um ministro prepotente acabou com o primeiro telejornal cultural português que durava há 9 anos "porque saía mais barato pagar um viagem à volta do Mundo a cada telespectador do programa do que o manter"; aconteceu que alguém se esqueceu de quem desbravou o caminho para a RTP Internacional e RTP África e, como recompensa, foi enviado para as catacumbas da RTP Memória; aconteceu a alguém que criou um novo conceito de jornalismo cultural transformando-o em serviço público, acessível a todos; aconteceu a alguém que amava a fotografia e o jornalismo à antiga, sem submissões. E assim Acontece(u) a Carlos Pinto Coelho.
A China é de facto um grande país, com uma economia de peso, mas o seu regime político transforma a nação num pequeno tigre de papel que não convive bem com a democracia. Com a atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo isso ainda foi mais evidente: a censura rançosa do moderno social-comunismo nos meios audiovisuais, na internet e a tentativa de intimidar os países que marcassem a sua presença em Oslo. O cúmulo do despeito aconteceu com a criação apressada do Prémio Confúcio da Paz que acabou por ser um contra-senso pois a doutrina filosófica do confucionismo baseia-se na consciência política e no respeito pelos valores morais e sociais. Nem a compra de parte da dívida pública portuguesa pela China poderá jamais branquear o desterro do Dalai Lama, o massacre de Tiananmen e as constantes violações dos direitos humanos de personagens como Liu Xiaobo.
Não sei muito bem onde é a fronteira da liberdade da informação mas de certeza que não será no terreno onde a Wikileaks tem actuado. A sua política de terra queimada substitui o jornalismo pelo voyeurismo da opinião pública, ao melhor estilo de se saber qual é a cor do papel higiénico que os diplomatas usam. Como se não houvesse segredo de estado nem a diplomacia não fosse um manual de boas maneiras. Reconheço o papel relevante de Julian Assange na denúncia das violações de direitos humanos mas a sua organização acaba por fazer o mesmo que tanto a sua missão divina e protagonismo reclamam: espiar.
A decisão da Câmara Municipal de Gaia em oferecer 4 refeições diárias nas escolas e da Câmara Municipal do Porto em abrir as cantinas escolares no período das férias de Natal, são a prova de que, a política - quando cumpre o seu ideal aristotélico e colocada ao serviço dos cidadãos, sem pretensões - é útil e faz pensar aqueles que descarregam as suas frustrações pessoais nos políticos, principalmente em época de crise. A dupla Luís Filipe Menezes e Marco António Costa são uma lufada de ar fresco, mesmo dentro do seu partido, e têm tido um papel preponderante no extraordinário desenvolvimento do concelho, nomeadamente no que concerne à qualidade de vida e em matéria ambiental.
A Cimeira da NATO, em Lisboa, consolidou o peso de Obama na política internacional e calou aqueles que criticaram o facto de lhe ter sido atribuído o Nobel da Paz em 2009. Pode não ter ainda no plano interno o prestígio de outros grandes presidentes norte-americanos como provam as recentes derrotas eleitorais, sendo alvo de alguma contestação, mas continua a marcar pontos em terreno europeu. Desde logo, limitando o tempo de intervenção no Afeganistão, como já tinha acontecido no Iraque, sentando à mesma mesa afegãos, russos - apagando ressentimentos da Guerra Fria - e virando agulhas para Oriente estabelecendo uma aproximação à China. A maior potência mundial tem um diplomata à sua altura enquanto Portugal continua a ser um exemplo de hospitalidade e competência organizativa quando assim o quer.