"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Só perca por tardia a entrada em vigor em Espanha da lei que proíbe o uso de véu integral como é o caso da burca. Custa a acreditar que todas essas mulheres escolheram livremente estes adereços, sujeitando-se a uma vergonhosa segregação social, a uma indigna submissão, a uma falta de adaptação pela cultura e desrespeito pela normas de segurança dos países de acolhimento. Como quer fazer crer a esquerda europeia, acenando hipocritamente com a bandeira da liberdade individual, isto não é um conflito entre o ocidente e o islão. O problema não está no traje mas naquilo que representa - a interpretação fundamentalista da Lei Islâmica onde não existe separação entre a religião e o direito. Só uma lição civilizacional de gerações mais novas que coloque a mulher num patamar idêntico ao do homem pode mudar mentes medievais.
José Saramago não era menos português por não pôr a bandeira à janela na véspera de um evento desportivo. Acima de tudo, a sua essência era ibérica. Convém dizer que só saiu de Portugal devido à ostracização de Sousa Lara, comprovada agora com o episódio político revisionista da não presença de Cavaco Silva no seu funeral. "Viagem a Portugal" é reflexo de amor e do encantamento que sentia pelo país, pela sua beleza e cultura, pela classe trabalhadora, espelhada na sua identidade, mesmo que isso significasse ir contra a ideologia do seu partido, contra a maioria religiosa, contra o politicamente correcto. Para o seu espírito inconformado, a morte é pouco relevante. Como diria Saramago, "o fim duma viagem é apenas o começo de outra".
Reconheço o papel relevante da Fundação Serralves como instituição cultural que promove a reflexão sobre a sociedade contemporânea. Por isso mesmo, quando acaba de terminar a 7ª. edição do "Serralves em Festa", ainda não compreendi como foi possível despedir 18 trabalhadores do serviço de recepção e atendimento no passado dia 12 de Abril. Sem direitos, pois a Fundação reconhece-os apenas como colaboradores a recibos verdes, descartando-se de efectuar um digno contrato de trabalho. Mesmo com a desprestigiante reprimenda da inspecção da Autoridade para as Condições de Trabalho continua a não rever a sua posição. Deste modo, sendo eu contribuinte e, sendo a Fundação gerida por subsídios estatais e fundos públicos, não desejo que as minhas obrigações tributárias sejam usadas para ajudar à precariedade laboral neste país.