"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Afinal, parece que a montanha do desagrado pariu um festival, ou seja, perante a indignação dos pseudo-notáveis do norte do País em relação à transferência do "Red Bull Air Race" para Lisboa, tudo leva a crer que a competição deverá alternar entre a capital e o Porto. Não sei agora o que dirão os caciques regionalistas, sempre prontos a abrirem umas inúteis guerrilhas que dividem o norte e o sul. Parece-me óbvio que esse é o desfecho mais justo, embora não o suficiente para calar as lamúrias complexadas do costume onde até o futebol serve de arma de arremesso. Dá impressão que o País é só Porto e Lisboa, ostracizando o interior, este sim, merecedor de uma profunda regeneração a todos os níveis deixando o desterro a que está votado.
O Benfica marcou pontos no Funchal. Não foi só por ter ganho o jogo contra o Nacional mas porque soube responder às provocações do treinador local que falou em "túneis e dedos espetados". Com uma bofetada de luva branca, o Benfica, através da sua Fundação, concedeu apoios a famílias com vista à aquisição de nova casa na sequência da intempérie na ilha. Mais do que palavras e jogos de ocasião, a dimensão do Benfica não esquece a matiz das suas origens humildes e permite ao seu presidente dar uma lufada de ar fresco ao poluído futebol. Porque para alguns, sentir que uma instituição tão grandiosa é solidária com eles e poder ver e tocar nos seus ídolos, foi das poucas alegrias que tiveram desde 20 de Fevereiro último.
Música feita em memória de Jeremy Wade Dell que se suicidou em Dallas aos 15 anos de idade devido às constantes perseguições de colegas de escola
O caso de bullying ocorrido em Mirandela vem expor à saciedade a gravidade desta praga. O problema já ultrapassou os portões escolares para entranhar-se de uma forma asquerosa na vida social e no local de trabalho. Porque não estamos a falar apenas de uma obsessão pelo poder, da dominação sobre um indivíduo, mas de um agressor que ameaça tornar-se num potencial criminoso. Esta forma de intimidação pode ter tido origem dentro do ambiente familiar onde a educação infantil não foi devidamente acautelada. A escola de Mirandela foi a primeira a descartar-se, por isso, à semelhança do que aconteceu noutros países com casos semelhantes, deveria ser duramente responsabilizada, começando pelo autismo das chefias e reforçando a vigilância preventiva de todos os intervenientes do sistema educativo.
Está de parabéns o maior clube português. Fundado em 28 de Fevereiro de 1904 numa farmácia dos arredores de Belém, o Sport Lisboa e Benfica comemorou recentemente 106 anos. Durante muito tempo foi a bandeira do país, dos emigrantes, do êxodo colonial. Interromperam-se guerras em África para acompanhar os seus jogos porque Eusébio e Coluna cativavam admiradores das duas facções beligerantes. O vermelho arrebatador, de paixão, de homens extraordinários como Manuel Goularde, Cosme Damião, Joaquim Bogalho e Borges Coutinho. O Benfica teve dirigentes perseguidos pela ditadura e o primeiro hino do clube foi alvo de censura. Permanentemente de casa às costas, viu tardiamente o seu estádio ser construído apenas com sacrifício dos sócios, da solidariedade, imagem de marca dos estratos sociais mais humildes e de raízes operárias. O mais popular dos clubes portugueses caracteriza-se pelo ecletismo das suas modalidades. A mística - entranhada na pele de figuras como Carlos Lisboa, António Livramento, Eusébio, Guttman e José Maria Nicolau. Actualmente, o clube do mundo com mais sócios, desperta ódios e invejas, mas ao mesmo tempo consegue ser um expoente de modernidade pois desenvolveu um canal televisivo, uma Fundação, construiu parcerias estratégicas e um estádio novo.