Em nome da crise
As palavras do Engº Belmiro de Azevedo sobre a mobilidade laboral para Angola, e que "é preciso ganhar o direito a ter emprego começando às sete ou oito da manhã e terminando quando o trabalho estiver feito", é de uma desconsideração atroz para todos os trabalhadores.
Bem sei que a personagem em causa é o maior empregador nacional mas também sei que prejudicou milhares de pequenos comerciantes, talvez ainda hoje vivendo na penúria. E o que dizer dos altos rendimentos auferidos pelos seus quadros médios e superiores desproporcionados face ao salário do vulgar trabalhador? O êxodo para Angola só pode resolver o problema no imediato e não parece que esse país seja propriamente o "El Dorado". À custa do empreendedorismo atropela-se a regulamentação laboral e a estabilidade familiar, essenciais para a motivação profissional e à consequente criação de riqueza. Para muitos empresários o trabalhador deve ser robotizado, uma espécie de escravo dos tempos modernos. Sim, em nome da crise e da propalada flexibilidade!