"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Alguém chamou aquela mistela de labregos, de arremedos de pessoas com outras mais ou menos equilibradas, de Casa dos Degredos. Nunca o nome foi tão apropriado para tão pérfido programa televisivo. Acotovelam-se para vender a dignidade, para serem "famosos" por um dia ou capa de uma revista qualquer. É tudo tão assustadoramente patético, tão foleiro, que o próprio pivot do programa goza com os protagonistas. É fácil revelar o segredo de cada um: a absoluta ignorância e o estado decrépito a que chegaram as novas gerações, reflexo do país.
Eles não gostam de escritores como Salman Rushdie, de caricaturistas de Maomé nem de cineastas como Theo Van Gogh. Ofendem-se com a liberdade de expressão e o pensamento crítico próprios de uma democracia de outras latitudes, mas não direccionam a sua ira para os líderes religiosos que transformam a sua religião em extremismo ao humilhar a mulher e os homossexuais, que incentivam o incesto e a poligamia. Não se revoltam contra o miserável atraso civilizacional que estão votados, contra os "corajosos bombistas de Deus" que massacram inocentes do seu próprio povo. Não admitem nos seus países outras confissões religiosas a não ser a sua, mas vêm para o ocidente tentar impor as suas leis e costumes, à procura do mínimo pretexto para acender o rastilho da selvajaria. Deixem a inocência muçulmana de lado e mostrem que querem ser integrados numa sociedade multicultural moderna.
Freud escreveu que a "educação é uma profissão impossível". Agora, em Portugal, isso nunca fez tanto sentido. As sucessivas políticas educativas ao longo dos tempos enxovalham os professores, desmotivam-nos, fecham escolas, aumentam o número de alunos por turma, extinguem disciplinas e enfraquecem o Ensino. De cidadão exemplar e modelo social, o professor passou a chamar-se "individuo portador de habilitações para a docência". A vocação agora é controlar a angustia dos insuficientes concursos nacionais de colocação, e, se tiver sorte, planear a vida longe da família ao melhor estilo saltimbanco, enfrentando a inveja, a competição dos colegas e a avaliação pidesca.
O Governo parece meia dúzia de soldados que estão a marchar com o passo trocado num pelotão, mas acham que eles é que estão bem. Mesmo com as críticas de todos os quadrantes, até mesmo dentro da coligação, o Primeiro-Ministro cisma com um desígnio salvador sobre a forma de um piroso patriotismo político. Estas "troikas e baldrocas" repletas de austeridade mostram que este é o caminho para a desagregação sócio-económica do país. A panela vai ebulir, ao mesmo tempo que nos chamam de piegas e mansos. É uma questão de tempo até que a pressão no interior se torne insustentável e a válvula da paciência liberte os nossos instintos mais primários.
Parece que o melhor jogador de futebol português da actualidade anda triste. Meu caro Cristiano Ronaldo, por acaso foi despedido, engrossando o milhão de desempregados em Portugal, ou tem alguém na família que pertença aos milhares de professores que ficaram sem colocação escolar? E falando em escolas, vai despender muitas dezenas de euros nos manuais e restante material? E os incêndios, afectaram muito as suas faustosas propriedades? Já sabia da sua boca que possuía a troika perfeita, "bonito, rico e um grande futebolista", mas agora diz-me, acha mesmo assim que é muito injustiçado perante o que o rodeia, tendo uma cambada de pedantes que o idolatram?