"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)
Rui Cartaxana não foi apenas um jornalista desportivo nem um mero ajuntador de letras. Foi uma figura de referência no jornalismo português e pioneiro na modernização da imprensa desportiva contribuindo para a profissionalização do sector.
A sua independência editorial era um sinal dos seus valores e princípios que sempre defendeu, mesmo que entrasse em choque com o seu clube do coração. Talvez fosse o fervilhar do seu sangue africano - indomesticável - contrastando com a atitude de colegas de outras redacções, comodamente silenciosos, avessos a polémicas e bajuladores.
Com o Rui, desapareceu o jornalismo crítico afrontador do poder, porque não dizer romântico e ousado.
Ao fim de trinta e quatro anos, Manuel Alegre sai do parlamento mas com a sensação do dever cumprido como deputado. Ao contrário de muitos, foi fiel aos seus mandatos, não acumulando a função parlamentar com cargos nos sectores privado e público. O seu percurso académico, ligado ao movimento estudantil contestatário do Antigo Regime, traçou-lhe o destino. O exílio não lhe calou a voz nem a sua poesia, inspirando cantores de intervenção como José Afonso. Um homem intenso, de causas, que não hesitava entrar em conflito ideológico com o partido para não desapontar os cidadãos. Alegre diz que a escrita e vida são inseparáveis, eu digo que a democracia e a liberdade andam de mãos dadas.
A decisão dos jornalistas e demais trabalhadores de um jornal diário português em aceitarem a redução da remuneração individual abre um precedente grave, e mais importante, não resolve nada, apenas adia temporariamente uma situação inevitável. Significa que basta pressionar as redacções em forma de ameaçadores ultimatos e acenar com o despedimento colectivo mandando às malvas o código de trabalho. A crise económica mundial e o prejuízo de 4 milhões ao ano do jornal, parecem querer justificar tudo menos as mordomias das chefias que deveriam ser os primeiros a darem o exemplo e a sacrificarem-se. Administradores brilhantes que nunca ouviram falar de inovação e motivação dos seus funcionários numa comunicação social cada vez mais monopolizada. Se calhar, para estes, o importante é distribuir o jornal gratuitamente nos hipermercados do accionista.
Como é possível credibilizar a política em Portugal ao receber-se na Assembleia da República um dirigente de um clube de futebol castigado pela justiça desportiva e com direito a repasto à conta do erário público?
Bem sei que nem todos os deputados fizeram o papel de anfitriões mas mais grave se torna quando a bajulação acontece pela segunda vez misturada com facciosismo clubístico.
No entanto, através do acto eleitoral, o cidadão português jamais esquecerá a intimidade e o servilismo entre o poder político e o lobby desportivo, indisfarçável aos olhos da sociedade, desvirtuando o verdadeiro papel de um Parlamento e do estatuto de deputado
As eleições presidenciais no Benfica tiveram o condão de unir a nação benfiquista. Contra "cavalos de Tróia" e os sedentos de protagonismo, onde não faltaram as manobras pseudo-jurídicas para impedir o acto eleitoral e denegrir os estatutos do clube. A histeria provocada torna-se compreensível à medida que se aproxima o dia em que o Benfica tornará a ser detentor dos seus direitos televisivos desportivos e a sua TV começa a ter o êxito esperado. O poder associativo do Benfica nunca deve ser menosprezado por ninguém assim como a gratidão para com quem transfigurou um clube despedaçado num clube moderno e eclético.